top of page

O Confronto de Deus e a Investigação do Pecado | Gênesis 3:8-15

  • Foto do escritor: João Pavão
    João Pavão
  • 22 de ago.
  • 11 min de leitura

ree

“Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava pelo jardim à brisa do dia, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, por entre as árvores do jardim.” Este versículo contrasta fortemente com a comunhão que Adão e Eva desfrutavam antes. Deus, em Sua fidelidade costumeira, vem ao jardim “à hora da brisa” (provavelmente no final da tarde) para relacionar-Se com eles – pois esse era o hábito no Éden, o Senhor caminhava ali com seus filhos. Porém, a reação humana mudou radicalmente: esconderam-se da presença do Senhor entre as árvores. O pecado gera medo e afastamento de Deus. Aqueles que antes corriam para Deus agora fogem dEle. Eles ouviram “a voz do Senhor Deus” (ou o som da Sua passagem) e isso lhes provocou terror, não deleite. Triste consequência: a presença amorosa de Deus, que “andava no jardim” (que privilégio indescritível!), tornou-se algo incômodo e apavorante para a consciência culpada. Assim se cumpre a predição: “os perversos fogem sem que ninguém os persiga” (Pv 28.1). Notemos que Deus não mudou – Ele veio como de costume, “não era incomum Deus andar no jardim”; quem mudou foi o homem. O santo Deus continua santo, e agora o homem pecador não suporta Seu olhar.


Eles se escondem “entre as árvores”. Que ironia: usam as próprias dádivas de Deus (árvores) para tentar se ocultar de Deus. É como se nós hoje usássemos atividades ou coisas boas para evitar encarar a Deus – ainda acontece. Mas, obviamente, isso é tolice (Jr 23.24: “Porventura esconder-se-ia alguém... de modo que eu não o veja?”). Contudo, o instinto pecaminoso é evitar confrontar a santidade divina. Assim, muitos quando pecam, em vez de correr a Deus pedindo perdão, se afastam dEle – faltam à igreja, deixam de orar, etc., como se pudessem ou quisessem se esconder. Esse versículo retrata essa absurda tentativa do homem culpado de se esquivar do olhar de Deus.


Em meio ao silêncio do casal escondido, “chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: ‘Onde estás?’”. Esta pergunta de Deus é profundamente significativa. Certamente Deus sabe todas as coisas, Ele não ignorava a localização física de Adão. A questão visa levar Adão a refletir sobre sua situação e se apresentar voluntariamente. É a primeira manifestação da graça de Deus para com o pecador: Deus toma a iniciativa de procurá-lo. Em vez de vir imediatamente com ira destruidora, Ele vem com uma pergunta pastoral: “Adão, onde você foi parar?”. Isso revela o coração de Deus que, mesmo ofendido, busca restaurar. “Onde estás?” não é Deus confuso, mas Deus convidando à confissão. Ele dá a Adão a oportunidade de sair do esconderijo e admitir seu estado. Deus frequentemente faz isso conosco – Ele poderia nos julgar sumariamente, mas em vez disso, pelo Espírito e pela Palavra, Ele nos faz perguntas que nos levam ao arrependimento. Aqui é como se dissesse: “Adão, por que você não veio ao nosso encontro habitual? Percebe onde chegou – escondido nas árvores, longe de Mim? Reconhece que algo está muito errado?”


Adão e Eva, envergonhados, não buscaram a Deus, mas Deus buscou a eles. Isso prefigura toda a história da redenção – o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido (Lc 19.10). “Onde estás?” ecoa em todo coração pecador. Cabe ao pecador ouvir e responder.


Adão então responde: “Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; por isso me escondi.” Aqui temos a confissão parcial de Adão. Ele declara o efeito (medo) e um sintoma (nudez) mas não menciona diretamente a desobediência. Ele diz a verdade até certo ponto: reconhece que temeu a Deus (um medo servil, não o temor reverente apropriado) e que se escondeu por se ver nu. É interessante notar que Adão e Eva já haviam costurado tangas de folhas, mas ainda se percebem nus diante de Deus – ou seja, sabem que suas providências não resolviam a nudez real. Em sentido espiritual, Adão admite: “não tenho como me cobrir diante de Ti, por isso fugi”. Sua consciência o acusa.


Contudo, Adão não responde ao “onde estás” com “estou aqui, pequei”; ele responde explicando por que se escondeu, sem mencionar o fruto proibido. Vemos aqui a dificuldade humana em admitir pecado de pronto – ele fala do medo e da vergonha, mas não do erro. É como alguém pego em falta que começa falando “estou tão envergonhado” em vez de “eu errei nisto e naquilo”. Adão talvez esperasse desviar a conversa para o estado dele em vez do ato específico. Mas Deus, como excelente Pai, irá justamente ao cerne.


Ainda assim, essa resposta mostra que Adão percebe a distância moral criada: “ouvi Tua voz e me escondi”. Antes ele tinha prazer na voz de Deus, agora a teme; ele sabe que está vulnerável (nu) diante do Juiz. Essa é a situação de todo pecador sem a cobertura de Cristo – se soubermos quão nus estamos, tremeremos ante Deus.


Deus então o interpela mais diretamente: “Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” Aqui Deus, como um hábil interrogador, leva Adão a encarar a raiz: “Como você percebeu essa nudez (que antes não incomodava)?” – a implicação é: “Deve ter acontecido algo”. Deus então vai direto ao ponto com uma pergunta sim/não: “Você comeu da árvore proibida?” Note que Deus formula a pergunta enfatizando “que te ordenei que não comesses” – ou seja, sublinha que a ordem foi clara e pessoal, e Adão a transgrediu. É a confrontação do pecado de forma específica. Deus não aceita evasivas; Ele traz à luz o ato. Isso é importante: confissão genuína precisa encarar o pecado específico, não só lamentar consequências. Deus conduz Adão a isso.


Adão, infelizmente, não responde com um simples “Sim, Senhor, pequei”. Ao contrário, ele tenta se esquivar (como veremos no verso seguinte). Mas reparemos: Deus dá a Adão a chance de admitir. Ele pergunta – e Deus já sabia a resposta – mas queria provocar arrependimento expresso. Essa é a oportunidade do pecador de cair em si. Com Caim mais tarde Deus fará perguntas similares, e com outros (ex: Jonas, “fazes bem em irar-te?” Jonas 4:4). Assim Deus lida conosco: Ele nos confronta especificamente. Devemos aprender a, quando o Espírito nos questiona, não fugir ou culpar outros, mas reconhecer prontamente nosso erro. Provérbios 28.13 diz que quem confessa e deixa alcança misericórdia. Infelizmente, Adão não entendeu isso no momento.


“Então disse o homem: ‘A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.’” Aqui temos a tristemente famosa “transferência de culpa”. Adão responde à pergunta de Deus de forma indireta: confessa que comeu (“eu comi”), mas não sem antes tentar atenuar sua responsabilidade: “a mulher que Tu me deste me deu o fruto”. Adão menciona por primeiro a mulher e até sugere que Deus tem parte nisso (“que me deste”!). Em essência, Adão culpa Eva por lhe dar o fruto, e Deus por lhe dar Eva. Ou seja, Adão se coloca quase como vítima das circunstâncias providas pelo próprio Senhor. Ele responde à pergunta com meia-verdade: sim, comi, mas... Achamos aqui o primeiro exemplo de autojustificação. Em vez de humildemente dizer “Pequei contra Ti”, Adão procura se defender acusando terceiros. Ele parece insinuar: “Se não fosse essa mulher (que, aliás, foi presente Teu), eu não teria caído”. Que distorção! Ele, que alegremente recebera Eva como “osso dos ossos”, agora se volta contra ela para salvar a própria pele. O pecado assim arruinou até o amor conjugal: ao invés de proteger a esposa, ele a expõe e responsabiliza. E pior, insinua que Deus, ao dar-lhe Eva, teria contribuído para a situação. Em certo sentido, Adão tenta compartilhar a culpa com Deus! Isso é audácia do pecado: o coração endurecido pode até culpar Deus por nossas falhas (quantas vezes pessoas dizem: “Deus me fez assim, culpado é Ele pelas minhas tendências...”).


Claro, analisando friamente: Eva ofereceu o fruto, mas Adão tinha recebido a instrução direta de Deus e, como líder, podia e devia ter recusado. Ele não tem desculpa válida. Ainda assim, este versículo nos faz espelhar: como reagimos quando confrontados? É comum buscarmos justificativas, culpar as “circunstâncias” ou pessoas (“fiz isso porque tal pessoa me irritou”, “porque estava sob pressão”, etc.). Mas para obter perdão precisamos admitir: “eu pequei, sem desculpas”. Enquanto jogamos a culpa, não há arrependimento genuíno. Adão disse “eu comi”, mas sem quebrantamento – foi mais uma admissão forçada com disclaimers. Precisamos evitar esse espírito. Lembrar que Deus “resiste aos soberbos” (Tg 4.6) – e culpar outros é orgulho recusando admitir o erro.


Deus então se volta à mulher: “Que é isso que fizeste?” Essa pergunta também convida a uma confissão. É semelhante em tom: “Como pôde fazer tal coisa?” Não é que Deus precise da informação, mas Ele dá chance para Eva também falar a verdade. Eva responde: “A serpente me enganou, e eu comi.” A resposta de Eva também transfere culpa, porém é um pouco mais direta: ela admite “eu comi”, mas atribui à serpente o engano que a levou a comer. De fato, Eva foi enganada (1Tm 2.14 confirma), ao contrário de Adão que pecou deliberadamente. Sua resposta reflete isso: “fui iludida”. Ela não chega a pedir perdão, apenas explica o que ocorreu. Novamente, não há uma frase de arrependimento explícito, apenas “aconteceu isso e eu fiz”. Contudo, comparativamente, Eva ao menos reconhece que foi vítima de engano – o que é verdade – e não chega a culpar Deus (embora indiretamente pudesse implicar: “essa serpente que estava aqui no Teu jardim...”). Em suma, Eva repete o padrão de Adão: “não sou eu realmente a culpada, outro me enganou”.


Observemos como nenhum dos dois assume de bom grado sua parcela de culpa. Adão culpa Eva/Deus; Eva culpa a serpente. A serpente não terá a quem culpar e, de fato, Deus nem lhe faz perguntas (Ele a sentencia direto). Essa cadeia de acusações é fruto do pecado: rompeu-se a solidariedade e a confiança. Antes, o homem celebrava a mulher; agora, acusa. A mulher, possivelmente magoada por Adão tê-la apontado, volta-se contra a serpente. E a serpente... bem, não pode falar em sua defesa diante de Deus.


Este triste quadro mostra como o pecado corrói os relacionamentos: ao invés de união contra o erro, temos cônjuges se atacando para se safar. Isso provavelmente inseriu mágoas profundas entre Adão e Eva, que teriam de ser saradas ao longo do tempo (e pela graça de Deus talvez foram, pois tiveram depois uma vida juntos). Para nós, fica a lição de não permitir que o pecado nos leve a lutar uns contra os outros em vez de juntos contra o pecado. Quando há um problema no lar, é fácil começar o jogo de culpa (“eu fiz isso porque você aquilo...”). Esse ciclo precisa ser quebrado com humildade: cada um reconheça seu quinhão de erro, perdoe o outro e busquem juntos a restauração diante de Deus.


Deus ouve as “defesas” do casal. Notemos que, após, Ele não faz mais perguntas. O julgamento está claro. A investigação divina se encerra com a constatação: sim, eles pecaram, ainda que relutem em assumir. O juízo virá a seguir.


Agora Deus pronuncia sentenças. Curiosamente, Ele começa não pelo homem ou mulher, mas pela serpente: “Então o Senhor Deus disse à serpente: ‘Porquanto fizeste isso, maldita és entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens; rastejarás sobre o teu ventre, e comerás pó todos os dias da tua vida.’” Sem questionar a serpente (diferente dos humanos), Deus vai direto ao amaldiçoar a serpente. Isso indica que não há plano de redenção para Satanás – ele está julgado. Deus não lhe concede chance de arrependimento; ele já caíra antes e apenas instrumentou a serpente para o mal. Então Deus decreta: “maldita és”. Note: nem Adão nem Eva são amaldiçoados diretamente por Deus (embora a terra e a serpente sejam). Isso mostra certa distinção: Deus buscou restaurar humanos, mas ao diabo Ele destina maldição plena. A maldição inclui: rebaixamento e inimizade. O rebaixamento é figurado no rastejar sobre o ventre e comer pó. Isso pode implicar que, antes, a serpente talvez não rastejava como a conhecemos (há especulações de que poderia ter patas). Em todo caso, agora seria símbolo de degradação: serás humilhada abaixo de todos os animais, condenada a arrastar-se no chão e “comer pó”. “Comer pó” não literalmente (serpentes não se alimentam de terra), mas é uma expressão de derrota e sujeição extrema. Como quem “lambe o pó” diante de um vencedor. Assim, a serpente se torna o mais maldito dos bichos. Aqui Deus simultaneamente amaldiçoa o animal e o poder maligno por trás. Cada vez que uma serpente se arrasta, lembramos dessa maldição – simboliza a derrota de Satanás decretada por Deus. Ele “rastejará no pó” em derrota final (cf. Isaías 65.25, que possivelmente alude a isso: na restauração, “pó será a comida da serpente”).


Interessante que culturas ao redor do mundo têm pavor/revulsão natural por serpentes – possivelmente reflexo desse julgamento divino. A serpente se torna arca-inimiga do homem e rebaixada criação.


Deus continua falando à serpente, mas agora a maldição se expande para o âmbito espiritual e profético: “Porém inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o descendente dela; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Este verso é conhecido como Protoevangelho – a primeira boa nova, pois anuncia a derrota derradeira da serpente pelo descendente da mulher. Vamos esmiuçar:


  • Deus estabelece inimizade (hostilidade) entre a serpente e a mulher, e entre a descendência (literal “semente”) da serpente e a da mulher. Isso significa que daqui em diante haveria dois grupos em conflito: de um lado, aqueles alinhados com a serpente (poderíamos dizer o “linhagem” do mal, incluindo Satanás e todos que o seguem, espiritualmente falando); de outro, os filhos da mulher (a humanidade, mas mais especificamente os que permaneceriam do lado de Deus e por fim Cristo). Essa inimizade é em certo sentido uma graça: Deus não permitiu que a mulher e sua posteridade ficassem aliadas ao diabo permanentemente. Ele coloca repulsa – a humanidade passaria a abominar a serpente (tanto o bicho quanto, idealmente, o mal que ela representa). Isso impede que a queda fosse irreversível: ainda haveria aqueles que escolheriam o bem e odiariam o mal.

  • “Tua descendência” (da serpente) refere-se não a filhotes de cobra, mas espiritualmente aos filhos do diabo – Jesus falou dos fariseus incrédulos: “sois do diabo, vosso pai” (Jo 8.44). Ou mais amplo: a descendência da serpente são todos os agentes do mal, inclusive os demônios e humanos ímpios opostos ao povo de Deus. Já “descendência da mulher” no singular “ele” (literal: “ela [a mulher] descenderá [literal ‘semente’] e este [masc. singular] te ferirá a cabeça”) aponta finalmente para um descendente específico masculino que ferirá a cabeça da serpente. Muitas traduções colocam “descendência” ou “semente” no singular coletivo (isto é, descendência pode ser plural ou singular), mas pelo pronome “ele/este” fica claro que se personaliza em um indivíduo. Os primeiros cristãos e a teologia cristã ortodoxa entendem isso como a primeira promessa do Messias: o “Ele” é Cristo, nascido de mulher (notar: não “descendência do homem”, mas da mulher – possivelmente um sutil prenúncio do nascimento virginal). Esse descendente “ferirá a cabeça” da serpente. Ferir ou esmagar a cabeça é golpe mortal e decisivo. Significa que esse Salvador destruiria o poder de Satanás e do pecado de modo definitivo. Enquanto isso, a serpente “ferirá o calcanhar” do descendente. Uma mordida no calcanhar é dolorosa mas não fatal em geral – simboliza que a serpente causaria sofrimento ao libertador, mas não derrota final.


Essa frase prediz a vitória final do bem sobre o mal através de um redentor humano. E assim foi: Jesus, descendente de Eva (e de Maria, sem intervenção de pai humano), foi ferido pela serpente (Satanás instigou sua crucificação, que foi como um golpe no “calcanhar” – Jesus morreu mas ressuscitou, ou seja, não foi derrota permanente). E ao ressurgir e cumprir a redenção, Jesus esmagou de uma vez o poder do diabo sobre a humanidade – Colossenses 2.15: “despojando os principados... os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. Também Hebreus 2.14: “por sua morte, destruiu o que tinha o poder da morte, a saber, o diabo”. Romanos 16.20 diz aos cristãos: “o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés”, aludindo a essa profecia do Gênesis. Portanto, Gênesis 3.15 é uma semente do evangelho que se desenvolve ao longo da Bíblia. É Deus declarando que Satanás não triunfaria sobre a humanidade para sempre – Ele mesmo garantiria um resgatador.


É impressionante que logo ao proferir as maldições, Deus mescla juízo com misericórdia. Aqui, quem ouve a promessa? Adão e Eva, claro! Devem ter se espantado – e possivelmente consolado – ao saber que de “seu” descendente viria alguém que venceria o enganador. Havia esperança. O mundo não estaria para sempre sob domínio do mal. Isso mostra o coração redentor de Deus: mesmo na queda Ele provê uma solução futura. Como um pai amoroso que disciplina mas já indica o caminho de restauração.


Concretamente, no curto prazo, essa inimizade se veria na história: justos versus ímpios. Por exemplo, Abel (descendência da mulher no sentido de temente a Deus) vs Caim (que 1Jo 3.12 chama “do maligno”). Assim a linhagem piedosa (Sete, Noé, Sem, Abraão, Israel...) sempre esteve em conflito com linhagens e nações ímpias (descendência da serpente) – Egito, Canaã, etc. Isso cumpre a inimizade entre semente da mulher e da serpente. Mas o clímax seria Jesus vs Satanás.

Comentários


bottom of page