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A criação da mulher e a instituição do casamento | Gênesis 2:19-25

  • Foto do escritor: João Pavão
    João Pavão
  • 22 de ago.
  • 13 min de leitura
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Estes versículos descrevem em detalhes como Deus supriu a falta apontada em 2:18, criando a primeira mulher e estabelecendo o matrimônio. Temos aqui o clímax do relato da criação humana, apresentado com toque quase poético e profundo significado teológico. A narrativa se desenrola em três partes: primeiro, Deus forma os animais e traz a Adão para nomear (vv.19-20); segundo, Deus forma a mulher da costela do homem (vv.21-22); terceiro, Adão reage com júbilo e o narrador conclui com a fórmula do casamento (vv.23-25).


Nos versículos 19–20, vemos uma espécie de “desfile” de criaturas diante de Adão: “Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, os trouxe ao homem para ver como este lhes chamaria… o homem pôs nomes a todo gado, às aves do céu e a todos os animais selvagens, mas para o homem não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea.” À primeira vista, alguns se perguntam: os animais foram criados depois do homem? Gênesis 1 indicou que os animais terrestres vieram antes do ser humano no sexto dia. Aqui, o hebraico permite a tradução “o Senhor Deus tinha formado da terra… e os trouxe a Adão” – ou seja, os animais já existiam e agora Deus os convoca diante do homem. De qualquer forma, o foco do texto não é cronológico, e sim teológico: Deus está ensinando algo a Adão. Ao dar nomes aos animais, Adão exerce autoridade e criatividade (na cultura bíblica, nomear implica domínio e entendimento da essência da criatura, cf. Gn 1:28). Adão demonstra assim sua posição única sobre o resto dos seres vivos. Contudo, conforme os casais de animais passam (imaginamos talvez cada macho com sua fêmea), Adão percebe que ninguém ali é “como ele”. Há um solene refrão: “mas para o homem não se achou auxiliadora idônea” (v.20b). Ou seja, nem o mais dócil dos bois nem o mais inteligente dos primatas pôde fazer companhia a Adão de forma adequada. Isso realça a singularidade da humanidade em contraste com os animais – por mais que biologicamente sejamos feitos “do pó” como eles e tenhamos fôlego de vida como eles, apenas entre seres humanos pode haver verdadeira correspondência relacional e espiritual. O texto destaca que, assim como Adão, os animais foram formados “da terra” (v.19), e são chamados “seres viventes” (heb. ḥayyāh, mesma raiz de Eva/Chavá). Essa similaridade de origem realça ainda mais o por quê do homem não encontrar ali parceiro: os animais são viventes, mas não imago Dei. Logo, Adão domina sobre eles (ao nomeá-los) e aprecia cada espécie, porém sente a ausência de alguém igual a ele. O propósito pedagógico de Deus foi exitoso – cremos que Adão passa a ansiar por sua companheira, mesmo sem saber exatamente o que está faltando, ele experimenta a solidão em meio à criação. Isso preparou o coração dele para valorizar enormemente a dádiva seguinte.


No versículo 21, Deus entra em ação para suprir a necessidade: “Então o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou a carne em seu lugar.” Esse sono profundo (heb. tardemáh) é induzido por Deus – o mesmo termo descreve um torpor enviado por Deus em contextos de revelação (por exemplo, Abraão em Gn 15:12 recebe visões durante um “transe” similar). Podemos dizer que Deus operou o primeiro “procedimento cirúrgico” da história, com anestesia geral! Por que usar esse método? Além do aspecto prático (Adão não deveria estar consciente durante sua própria “metade” sendo removida), há simbolismo: Deus muitas vezes opera enquanto dormimos, sem nossa interferência. Aqui, enfatiza-se que Adão não teve participação na criação de sua parceira – ele não pode gloriar-se, foi inteiramente obra de Deus e graça. Deus toma uma costela de Adão. A palavra pode significar “lado” e alguns interpretam até como metade do corpo, mas tradicionalmente entende-se costela mesmo. Do ponto de vista literário, retirar algo do lado de Adão transmite a ideia de que a mulher é literalmente “carne da sua carne” – feita da mesma substância, portanto igual em natureza. Deus fecha a ferida de Adão, indicando restauração e talvez que, embora algo lhe tenha sido tirado, ele logo se verá acrescido de algo muito melhor.


No versículo 22 lemos: “E da costela que o Senhor Deus tomara do homem, formou (ou ‘edificou’) uma mulher e a trouxe ao homem.” Deus agora atua como construtor e pai que entrega a noiva. O verbo para “formou” aqui é curioso: no original é banáh, normalmente “edificar, construir” – usado para casas, cidades e até para atos criativos de Deus apenas em contextos poéticos. A escolha do verbo sugere que a mulher é construída com intenção e solidez, quase como uma obra-prima arquitetônica divina. Alguns rabinos antigos comentavam que Deus “construiu” a mulher implicando a delicadeza e complexidade dela. Em seguida, Deus mesmo “a trouxe ao homem”. Que cena sublime: o Criador conduz Eva até Adão, como um pai levando a filha até o altar, por assim dizer. Isso estabelece Deus como autor do casamento, unindo o homem e a mulher. Adão não “encontrou” Eva por conta própria; foi Deus quem supriu e apresentou sua parceira. Para qualquer cultura antiga, isso faria sentido: normalmente os pais arranjavam o casamento de seus filhos. Aqui, na primeira união, Deus desempenha esse papel – assegurando a perfeição do par. Também ressalta que o homem, até então passivo durante o sono, recebe a mulher como um presente divino.


O versículo 23 registra a reação de Adão ao ver a mulher: “Disse o homem: ‘Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; ela será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.’” Este é o primeiro poema da história – Adão exulta em versos ao reconhecer na mulher a companhia sonhada. As palavras “esta, afinal” (heb. zōʾt happaʿam) transmitem alívio e entusiasmo: “Eureka! Finalmente alguém como eu!” Ele a descreve metaforicamente como “osso dos meus ossos e carne da minha carne”, que era um idioma hebraico para parentesco próximo (usado mais tarde para dizer “somos do mesmo sangue”, cf. Gn 29:14). No caso de Adão e Eva, não é apenas figura de linguagem – é literal: ela foi feita de seu osso e carne. Isso afirma claramente a igualdade de essência entre homem e mulher. Adão reconhece nela a humanidade partilhada que nenhum animal tinha. Eles são da mesma “carne”, portanto ele a ama como a si mesmo. Em seguida, Adão exerce novamente a prerrogativa de dar nome, dizendo: “Ela será chamada ‘mulher’ (ʾiššá), porque do ‘homem’ (ʾíš) foi tomada.” Em hebraico há um jogo sonoro entre ʾíš (homem/macho) e ʾiššá (mulher/fêmea). Provavelmente não há relação etimológica real entre as palavras, mas a similaridade de som expressa bem a correspondência entre os dois. Em português poderíamos dizer “ela se chamará varoa, porque do varão foi tomada” – embora arcaico, mostra a conexão. Ao nomeá-la “mulher”, Adão afirma sua identificação com ele (mesma raiz do nome) e ao mesmo tempo assume uma liderança no relacionamento (pois dar nome implica certa autoridade representativa). Isso não quer dizer domínio tirânico – lembremos que nomear os animais significava autoridade sobre criaturas inferiores, mas nomear “mulher” implica antes liderança amorosa no mesmo nível de natureza (tanto que depois, em Gn 3:20, Adão dá a sua esposa o nome pessoal “Eva”, pós-Queda). Aqui, porém, o cenário é perfeito: a liderança de Adão é exercida em contexto de igualdade e amor sem pecado. Ele está extasiado, cantando a primeira “canção de amor” pela esposa dada por Deus.


O versículo 24 é um comentário editorial (do autor de Gênesis, inspirado por Deus) generalizando o princípio do acontecimento original: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” Este versículo é fundamental, pois institui o casamento como uma ordem da criação para todos os descendentes. Notemos ponto por ponto:


  1. Deixar pai e mãe: Embora na cultura israelita o casamento fosse patrilocal (o filho normalmente continuava vivendo perto dos pais, e a esposa é que saía de sua família para juntar-se ao marido), a palavra “deixar” aqui tem um sentido mais forte de “abandonar/fora priorizar”. Ou seja, a lealdade do homem, antes voltada primeiramente aos pais, agora deve voltar-se principalmente à esposa. Não é um rompimento total de relacionamento com pai e mãe (a Bíblia valoriza o honrar dos pais sempre), mas estabelece uma nova família nuclear com primazia de compromisso. Em sociedades antigas, isso era revolucionário: honrar pai e mãe era sagrado (e continua sendo), mas a partir do casamento, a prioridade de um homem passa a ser sua esposa. Jesus reafirmou essa ordem quando disse: “já não são dois, mas uma só carne” e “o que Deus uniu não separe o homem” (Mt 19:5-6). Aplicando: casamento envolve deixar (no sentido de mudar de esfera de dependência e prioridade).

  2. Unir-se à sua mulher: O hebraico diz “apegar-se” (lit. “colar-se”, dāḇaq) à mulher. É um termo forte, usado para devoção firme (p.ex. “apegar-se a Deus”, Dt 10:20). Indica que o marido deve se ligar profundamente à sua esposa com fidelidade apaixonada e permanente. O casamento não é um contrato frio, mas um vínculo de amor e compromisso. Unir-se aponta tanto para a união sexual quanto para a união de vida, propósito e afeto. Implica exclusividade (uma vez unido, ele cola-se a ela, não a outra) e durabilidade (uma cola forte não deve ser rompida). Nesse sentido, a Bíblia retrata o casamento como aliança (Ml 2:14: “a mulher da tua aliança”).

  3. Uma só carne: Esta expressão maravilhosa engloba vários níveis. Certamente inclui a união física sexual, pois pelo ato conjugal dois corpos se tornam um (e potencialmente produzem uma nova vida, um filho, que literalmente é “uma só carne” dos dois). Mas vai além: “uma só carne” envolve também unidade emocional, espiritual, doméstica – um compartilhar total da vida, passando a serem como um só organismo familiar. No contexto hebreu, carne (basar) também remete a parentesco – tornar-se uma só carne é tornar-se família. O comentário em Gn 2:24 enseja as bases para diversos mandamentos posteriores contra, por exemplo, adultério (que rompe essa unidade) e incesto (pois uma vez casado, sua esposa é “carne” sua, logo os parentes dela se tornam seus parentes, e certas relações se tornam proibidas como se fossem consanguíneas). Também fundamenta a ideia de que o casamento é vínculo vitalício – a morte ou o divórcio não apagam totalmente a realidade de que aqueles dois foram uma só carne em algum momento; tamanha união deixa marcas profundas e duradouras. Isso nos fala da seriedade do compromisso matrimonial aos olhos de Deus.


Finalmente, o versículo 25 encerra o capítulo com uma nota de inocência: “Ora, um e o outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.” Ambos estavam completamente despidos, física e metaforicamente, e sentiam-se totalmente à vontade. Não havia vergonha porque não havia pecado, malícia ou culpa. A nudez aqui simboliza a transparência e pureza do relacionamento – nada a esconder, nada que causasse medo ou desconforto. É uma imagem de intimidade perfeita, confiança absoluta e aceitação mútua. A palavra “envergonhavam” no hebraico (bôš) refere-se a embaraço humilhante; em toda a Bíblia, a nudez costuma estar associada à vergonha ou vulnerabilidade indevida, mas não no Éden antes do pecado. Isso prepara o contraste dramático com o capítulo 3, quando após pecarem, os olhos de ambos se abrem e “percebem que estavam nus”, costurando folhas para cobrir-se e escondendo-se de Deus (Gn 3:7-8). Ou seja, a vergonha entrou por causa da desobediência e da perda da inocência. Mas aqui, no estado original, o homem e a mulher gozavam de intimidade sem barreiras – tanto entre si quanto diante de Deus. Eles eram plenamente conhecidos e ainda assim plenamente amados e aceitos, nada de que se envergonhar. Em certo sentido, Gênesis 2:25 descreve o ideal de todos nós: ser conhecido profundamente sem sentir vergonha – algo que, devido ao pecado, só é possível recuperar em Cristo, o qual nos purifica e nos apresenta sem mácula diante de si.


A narrativa da criação de Eva e do primeiro casamento traz princípios valiosos para os nossos relacionamentos, especialmente o matrimônio. Vamos destacar algumas aplicações:


  • Origem divina do casamento: O casamento não é invenção humana ou mera convenção cultural – é instituição de Deus desde a criação. Jesus confirmou: “Aquele que os criou no princípio os fez homem e mulher e disse:… serão uma só carne” (Mt 19:4-5). Portanto, devemos honrar o casamento como algo sagrado, projetado pelo Criador. Numa época em que o conceito bíblico de casamento é relativizado, precisamos reafirmar: casamento, segundo Deus, é a união de um homem e uma mulher, em aliança de companheirismo e fidelidade para a vida toda. Esse é o padrão estabelecido no Éden e referendado por toda a Escritura. Qualquer distorção – seja poligamia, adultério, união de pessoas do mesmo sexo, divórcio leviano – se afasta do modelo original dado por Deus. Como cristãos, somos chamados a defender e exemplificar o propósito original: um homem deixando pai e mãe e se unindo à sua mulher, formando uma nova família sob o senhorio de Deus.

  • Igualdade e complementaridade: A forma como a mulher foi criada (da costela de Adão) ilustra verdades importantes. Igualdade: Eva não veio de outro material, mas da própria carne de Adão – homem e mulher compartilham a mesma natureza humana e dignidade perante Deus. Ambos refletem a imagem de Deus (Gn 1:27 deixa claro: “homem e mulher os criou” à sua imagem). Portanto, não há base para tratar a mulher como inferior. Qualquer cultura ou religião que rebaixa mulheres não reflete o ideal da criação. Ao mesmo tempo, há complementaridade: Eva é feita para ser “auxiliadora adequada”. Homens e mulheres não são idênticos em tudo – eles se complementam em vários aspectos emocionais, físicos e de papel. Isso é algo bonito, não motivo de competição. No casamento, marido e esposa devem enxergar um ao outro como metade complementar de um todo. Deus une duas pessoas diferentes para que se tornem uma só carne, equilibrando forças e fraquezas. A aplicação prática: casados, valorizem as diferenças de seu cônjuge como complemento dado por Deus em vez de motivo de irritação. Aprendam um com o outro – juntos vocês são mais ricos do que sozinhos. E vivam em mútua submissão e respeito (Ef 5:21), lembrando que diante de Deus ambos têm igual valor, embora exerçam funções distintas na família.

  • Prioridade do cônjuge: “Deixará o homem pai e mãe…” sublinha que, após Deus, seu cônjuge deve ser sua prioridade humana número um. Uma armadilha comum é não “deixar” emocionalmente os pais ou outras dependências ao casar, causando interferências. Honrar os pais continua sendo mandamento, mas a lealdade principal de um casado agora é para com seu parceiro de aliança. Isso implica tomar decisões juntos, proteger o cônjuge de intromissões indevidas, nutrir o vínculo conjugal acima de qualquer outro relacionamento terreno. Maridos e esposas, perguntem-se: meu cônjuge sente que ocupa o primeiro lugar em minha vida depois de Deus? Ou será que trabalho, amigos, hobbies ou mesmo nossos filhos estão tomando precedência? Lembre-se: a melhor coisa que vocês podem fazer pelos filhos é terem um casamento forte e amoroso. A unidade conjugal vem antes, até mesmo, da relação parental – pois os filhos um dia se vão (deixam pai e mãe para formar suas famílias), mas marido e esposa permanecem sendo “uma só carne” até que a morte os separe.

  • Amor apaixonado e compromisso fiel: “Unir-se à sua mulher” sugere tanto amor romântico (afinal, Adão exultou poeticamente com Eva) quanto compromisso firme (um “colar-se” indissolúvel). Isso nos ensina que no casamento precisamos cultivar tanto o carinho quanto a lealdade. Algumas culturas enfatizam o dever mas negligenciam o afeto; outras exaltam a paixão mas fogem do compromisso. O padrão bíblico inclui ambos. Portanto, invistam no romance santo – Adão cantou para sua esposa, e Provérbios exorta o marido a alegrar-se com a mulher da sua mocidade (Pv 5:18-19). Palavras amorosas, elogios, tempo de qualidade, intimidade física saudável – tudo isso é parte do plano de Deus para fortalecer a união matrimonial. Ao mesmo tempo, mantenham os votos com seriedade – “até que a morte nos separe” não é frase poética vazia, e sim reflexo do ideal de Deus. Deus odeia o divórcio (Ml 2:16) porque quebra essa união que Ele mesmo realizou. Claro, vivemos num mundo caído e há situações em que a separação acontece (Jesus mencionou exceção de infidelidade, etc.), mas o crente deve encarar o casamento não como contrato descartável e sim como aliança diante de Deus. Se surgirem dificuldades, busquem a graça de Deus para perseverar, perdoar e se ajustar, em vez de rapidamente pensar em rompimento. A nudez sem vergonha de Adão e Eva indica transparência – busquem resolver conflitos com honestidade amorosa, não escondendo ressentimentos “debaixo do tapete”. Quando pecarem um contra o outro, confessem e perdoem, para que possam continuar “nus” (abertos) sem vergonha, construindo confiança.

  • O valor da pureza e inocência: Antes do pecado, não havia vergonha entre o casal. Isso nos inspira a buscar, na medida do possível, restaurar a confiança e pureza em nossos relacionamentos. Para os casados, isso significa trabalhar para ter um relacionamento em que você não precise colocar “máscaras” diante do cônjuge – que haja aceitação mútima, transparência financeira, emocional e espiritual. Crie um ambiente onde vocês possam ser verdadeiros sem medo. Isso reflete algo do Éden. Para os solteiros, há também uma lição: Adão e Eva só experimentaram intimidade sexual depois de unidos por Deus. A pureza sexual antes do casamento é o estado “sem vergonha” que Deus deseja – quando seguimos Seu plano (de esperar pelo contexto do casamento para a relação sexual), não há do que se envergonhar, nada a esconder. Pelo contrário, há a alegria de, como Adão, receber do próprio Deus a pessoa com quem você poderá estar “nu sem vergonha”. Se você já caiu em áreas de impureza, saiba que em Cristo há perdão e restauração – Ele cobre nossa vergonha com vestes de justiça, assim como Deus graciosamente vestiu Adão e Eva após a Queda. Ainda assim, a meta para nós é viver em santidade, preservando-nos o mais possível das máculas do pecado, para desfrutar de relacionamentos saudáveis segundo o padrão divino.

  • Cristo e a Igreja: Por fim, não podemos deixar de notar que o Novo Testamento vê em Gênesis 2:24 um grande mistério que aponta para Cristo e a Igreja (Efésios 5:31-32). O amor de Adão por Eva – amando-a como a si mesmo, pois ela era “sua carne” – prefigura o amor de Jesus por nós, a Igreja, pois somos membros do Seu corpo (Ef 5:28-30). Jesus deixou Seu Pai nos céus, e se uniu à humanidade pelo mistério da encarnação, para nos tomar como Sua Noiva. Ele deu a própria vida por amor a nós, para nos purificar e apresentar a Si mesmo Igreja gloriosa, sem mancha, santa (Ef 5:25-27). Cada casamento cristão, portanto, é chamado a refletir essa história de redenção: o marido amando sacrificialmente a esposa como Cristo ama a Igreja, e a esposa respondendo com respeito e entrega como a Igreja se submete a Cristo (Ef 5:22-25). Quando vivemos o casamento nesses termos, não apenas experimentamos a bem-aventurança que Deus designou, mas também proclamamos ao mundo o evangelho através do modelo familiar. Se você é marido, pergunte-se: estou amando minha esposa a ponto de me sacrificar diariamente por seu bem, espelhando Jesus? Se é esposa: estou honrando e cooperando com meu marido de boa vontade, espelhando a entrega da Igreja a Cristo? Esse alto padrão só é possível com a graça de Deus – mas Ele nos oferece essa graça abundantemente no Espírito Santo.


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